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Arquitetos: a for architecture
- Área: 120 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Hemant Patil
Descrição enviada pela equipe de projeto. A principal intenção deste projeto era melhorar a condição espacial do local com a menor articulação de gestos necessários para abrigar uma prática arquitetônica.
O terreno está localizado no espaço de pilotis de um prédio de apartamentos, nos subúrbios de Nasik, com uma vasta reserva florestal ao longo do lado norte. Isso exigia que a parede do prédio, ao longo do comprimento da reserva florestal, fosse mais alta, com pelo menos 2,5 a 2,7 metros de altura. Esta configuração entre os pilotis semicobertos de um lado e uma parede alta do outro imediatamente deu ao local um caráter ambivalente que era animado por uma certa qualidade de luz e sombra. Um tipo de espaço cavernoso que é lavado pela luz do céu para criar uma atmosfera sombria, mas alegre. Uma vez que esta qualidade espacial foi identificada e descoberta, a intenção do projeto foi potencializá-la através de uma articulação espacial cuidadosa e mínima.
A primeira decisão nesse sentido foi utilizar um único material, a I.P.S (Indian Patent Stone), uma espécie de cimento queimado. A fim de criar uma sensação de espaço homogêneo, pequenas correções foram feitas aos elementos existentes do espaço. Por exemplo, as colunas existentes, que eram desiguais em tamanhos e orientadas em diferentes direções, foram corrigidas tornando-as todas quadradas. Isso cria uma sensação de peso, ritmo e ordem no espaço semelhante às cavernas escavadas nas rochas encontrados ao redor de Nasik. Nessa medida, um tom cinza escuro e a textura da I.P.S. foram escolhidos, já que, se assemelhava muito à escuridão das superfícies de basalto dos templos nas cavernas cortadas na rocha.
A equipe de artesãos especialistas que trabalharam com a IPS veio de West Bengal. Essa técnica de revestimento já foi muito comum em várias partes da Índia, e hoje se tornou um processo especializado, dominado por poucos artesãos. Para alcançar um determinado tipo de acabamento de superfície, textura e brilho, é necessário um senso cuidadoso e intuitivo de não apenas aplicar o material, mas também técnicas especializadas de cura e polimento das superfícies - é sempre particularmente desafiador realizar a aplicação de IPS em paredes e tetos , uma vez que é mais frequentemente usada nos pisos.
A segunda decisão foi enquadrar as condições variáveis da luz solar no local: 1) Pátio aberto na entrada; 2) Espaço do estúdio no final do terreno; 3) Passagem e espaço de espera informal entre a entrada e o estúdio; 4) Espaço para reuniões; 5) Pátio com água. Nesse sentido, a luz aqui é tratada como o próximo material importante que cria uma sensação única dentro do espaço ao longo do dia e nas mudanças das estações.
O átrio de entrada tem uma vasta claraboia circular, tanto para enquadrar o céu como para criar um espaço de encontro semi-sombreado. Além da área de estar, há um pátio ajardinado com densa vegetação que também é aberto para o céu. Qualitativamente falando, o pátio de entrada foi projetado levando em consideração a entrada das casas típicas da Idade Média, em assentamentos urbanos localizados em várias cidades indianas. Uma passagem estreita com pé-direito baixo conduz do átrio de entrada ao espaço do atelier e é marcada por uma estreita claraboia, que também confere linearidade ao ambiente, ao mesmo tempo que o torna mais espaçoso.
Entre a passagem e o atelier existe uma pequena sala de espera informal que é mais uma vez pontuada por uma pequena claraboia circular. O espaço do estúdio aproveita ao máximo o ambiente, deixando toda a claraboia recuada, entre a borda do edifício e a parede alta do complexo. O espaço de reunião se abre para um pátio com água e claraboia, as pérgulas sobre ela e o pátio ajardinado do outro lado formam o pano de fundo para o espaço de reunião. Esse pátio também se abre para o espaço de espera e para o pátio de entrada, tornando-o um local central no projeto e que é vivenciado em quase qualquer parte do projeto.
Essas duas intenções, de celebrar a dada condição espacial e o jogo de luz e sombra, coincidiam também com a intenção organizacional e cultural do estúdio. Sempre se pretendeu estabelecer um escritório de arquitetura que tivesse uma estrutura de trabalho horizontal e colaborativa. O estúdio também foi imaginado como um espaço para diversos tipos de eventos para a cidade. Nessa medida, a terceira intervenção espacial deveria ter uma planta livre e flexível, e um corte igualmente aberto, que permitisse que o espaço do estúdio se expandisse e se contraísse para se adaptar a vários tipos de eventos. Cada espaço possui um conjunto de fechamentos dobráveis de correr que ora assumem a forma de portas e ora janelas, permitindo que todo o espaço do atelier, desde a entrada até os fundos, seja flexível e aberto à reconfiguração.
Todo o mobiliário do projeto é feito em madeira reciclada, recuperada do tipo de habitação wada pertencente à era mercantil da cidade e região. Os detalhes dos móveis são trabalhados com uma compreensão cuidadosa da direcionalidade do veio da madeira e sua qualidade tátil. As janelas com venezianas ajustáveis no espaço de reunião também proporcionam um envolvimento mais matizado com as condições climáticas. A textura e a qualidade tátil da teca criam um contraste aconchegante com a I.P.S.
O único outro material utilizado é o basalto preto para o piso do átrio de entrada e degraus, o que acrescenta mais uma camada tátil à qualidade do espaço.